Um olhar mais atencioso revela que a grande fiel da balança no sobe e desce entre as marcas mais valiosas de 2010 foi a inovação. Apple e Google foram as que mais se valorizaram, crescendo, respectivamente, 37% e 36%. Ambas saltaram três posições no ranking da Interbrand. O Google está em quarto lugar e a Apple em 17º. No outro extremo está a lendária Harley Davidson, amargando a maior queda, de 24%, ficando na 98º posição. O que teria acontecido com um das marcas mais amadas do mundo?O relatório da Interbrand é enfático ao relacionar o crescimento da Apple e do Google e a queda da Harley à inovação. O papel da marca de Steve Jobs é dos mais importantes no incremento do valor da empresa. O foco no design e no desenvolvimento de novos produtos é o seu grande trunfo. Nem mesmo os defeitos encontrados em seus recentes lançamentos foram capazes de manchar a imagem da marca, porque a estratégia é sempre estar um passo à frente. Como diz Romeo Busarello, Diretor de Internet e Relacionamento da Tecnisa, “Só quem anda na frente leva chute na bunda”.
O Google continua andando na frente. Com a inovação em seu DNA, está cada vez mais diversificando e expandindo sua atuação global. Nem mesmo os casos em que se submeteu à ditadura na China e o de violação da privacidade de mais de 176 milhões de pessoas fizeram com que a marca perdesse valor. Esses, entretanto, são casos bem complicados para o Google administrar que poderiam ter afetado a sua marca. Ela só não perdeu com estes episódios por estar muito blindada. Ao contrário da Harley Davidson.A marca que já foi considera um dos maiores exemplos de branding do mundo está andando de lado há três anos sem fazer grandes lançamentos. Para completar, a empresa deu uma bela derrapada durante a crise financeira mundial e deixou de inovar há algum tempo. A situação da companhia que trabalha para se reestruturar chegou a um nível em que a Interbrand chama atenção para obsolescência de seus produtos caso ela não inove.Ainda há uma luz no fim do túnel para a Harley. A recente decisão de se desfazer de duas divisões e focar os esforços na marca mítica pode salvá-la. Ano passado, com as vendas em queda livre, a Harley perdeu nada menos do que 43% de seu valor. Cair mais 24% este ano certamente não é o que os executivos desejavam, mas mostra um caminho menos tortuoso. O certo é que a inovação vai determinar se o final desta história será feliz ou não.
Bruno Mello, Editor Executivo do Mundo do Marketing
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